Perante a necessidade e as várias tentativas de rotular e redefinir as fronteiras duma prática que se começa a constituir para além da dimensão estritamente comercial, ao longo do tempo e entre discursos, foram surgindo novos termos associados à disciplina. A criação de novos termos parece ser um esforço para “tornar a atividade mais visível e sujeita a discussão e debate” (Dunne & Raby, 2007)1.
Ler maisOs diferentes termos ou práticas vão se cruzando ao longo do discurso do design sendo, por vezes, difusas e complexas as suas definições, como, também, vagas as fronteiras de cada um deles. Esta pluralidade leva a diferentes abordagens e possibilidades dentro da relação do design com a política. Contudo, ao se canalizarem em torno da definição de conceitos, também desvalorizam as obrigações e qualidades inequívocas do design, abrindo lugar a uma maior aceitação e normalização do design que não opera com essas características.
Para abordar esta questão, selecionámos três termos que se consideraram de maior importância, tendo em conta a sua recorrente utilização: Critical Design, Social Design e Design Activism.
CONCEITO
O termo Critical Design foi popularizado pela equipa de designers de produto e interação Anthony Dunne e Fiona Raby – primeiramente por Dunne, no livro Hertzian Tales (1999)2 e mais tarde, pela dupla, no livro Design Noir: The Secret Life of Electronic Objects (2001)3.
Critical design “é um processo de pesquisa através da metodologia de design, que coloca em primeiro plano a ética da prática de design, revelando valores parcialmente ocultos e explorando valores alternativos de design” (Bardzell & Bardzell, 2013, p. 3297)4. Um dos propósitos de critical design é ajudar a criar consumidores mais exigentes nas suas vidas quotidianas em relação à indústria e à sociedade, mais particularmente, em relação à forma como as suas vidas são mediadas por premissas, valores, ideologias e normas comportamentais inscritas nos produtos de design — ou seja, tornar os consumidores críticos. Para tal, pretende-se questionar a gama limitada de experiências emocionais e psicológicas oferecidas através dos produtos de design (Dunne & Raby, 20135; Bardzell & Bardzell, 20134) e aumentar “a consciencialização, expondo os pressupostos, provocando ações, provocando debates, até mesmo divertindo de forma intelectual como a literatura ou o cinema” (Dunne & Raby, 2007)1.
1 Dunne, A., & Raby, F. (2007). Critical Design FAQ. Obtido em 10 de dezembro de 2015, de Dunne & Raby: http://www.dunneandraby.co.uk/content/bydandr/13/0
2 Dunne, A. (1999). Hertzian tales - electronic products, aesthetic experience and critical design. United States of America: MIT Press.
3 Dunne, A., & Raby, F. (2001). Design Noir: The Secret Life of Electronic Objects (1st ed.). Basel, Boston, Berlin: Birkhäuser.
4 Bardzell, J., & Bardzell, S. (2013). What is 'Critical' about Critical Design? CHI'13 Proceedings of the SIGCHI Conference on Human Factors in Computing Systems (pp. 3297-3306). Paris, France: CHI 2013.
5 Dunne, A., & Raby, F. (2013). Design as Critique. Em A. Dunne, & F. Raby, Speculative Everything: Design, Fiction, and Social Dreaming (pp. 33-45). United States of America: MIT Press.
6 Cadle, B., & Kuhn, S. (2013). Critical Design as Critique of the design status quo. Obtido em 18 de janeiro de 2017, de DEFSA Conference Proceedings: defsa.org.za/sites/default/files/downloads/2013conference/B Cadle 2013 DEFSA.pdf
7 Bush, A. (2016). Double Vision: Graphic Design Criticism and the Question of Authority. Em F. Laranjo, Modes of Criticism 2: Critique of Method (pp. 9-24). Portugal.
8 Laranjo, F. (2014). Critical graphic design: critical of what? Obtido em 27 de novembro de 2016, de Design Observer: http://designobserver.com/feature/critical-graphic-design-critical-of-what/38416