Ações

Perante a necessidade e as várias tentativas de rotular e redefinir as fronteiras duma prática que se começa a constituir para além da dimensão estritamente comercial, ao longo do tempo e entre discursos, foram surgindo novos termos associados à disciplina. A criação de novos termos parece ser um esforço para “tornar a atividade mais visível e sujeita a discussão e debate” (Dunne & Raby, 2007)1.

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Os diferentes termos ou práticas vão se cruzando ao longo do discurso do design sendo, por vezes, difusas e complexas as suas definições, como, também, vagas as fronteiras de cada um deles. Esta pluralidade leva a diferentes abordagens e possibilidades dentro da relação do design com a política. Contudo, ao se canalizarem em torno da definição de conceitos, também desvalorizam as obrigações e qualidades inequívocas do design, abrindo lugar a uma maior aceitação e normalização do design que não opera com essas características.

Para abordar esta questão, selecionámos três termos que se consideraram de maior importância, tendo em conta a sua recorrente utilização: Critical Design, Social Design e Design Activism.


CONCEITO

Segundo o autor Alastair Fuad-Luke (2009, p. 6)2, o ativismo é a atividade de “catalisar, encorajar ou provocar mudanças, a fim de suscitar transformações sociais, culturais e/ou políticas” . Podendo também envolver transformações individuais nos ativistas, esta atividade procura, essencialmente, transformações do sistema e do seu público-alvo ou grupos sociais. Considerando que o design se interliga com uma variedade diversificada de disciplinas e fronteiras disciplinares (como a filosofia, a ciência, a educação, a antropologia, a sociologia, a economia, os estudos culturais, as ciências da comunicação, as ciências políticas ou a ecologia), torna-se particularmente adequado para lidar com questões sociais, económicas e ambientais da atualidade.

O termo design activism é “o pensamento, imaginação e prática do design, aplicados consciente ou inconscientemente, para criar uma contra-narrativa destinada a gerar e equilibrar mudanças sociais, institucionais, ambientais e/ou económicas positivas” (Fuad-Luke, 2009, p. 27)2.

Thomas Markussen (2011)3 oferece uma definição do design activism que nos esclarece acerca dos papéis que este pode tomar: design activism é a representação de uma ideia através do design que desempenha “um papel central a) em promover a mudança social, b) em aumentar a consciencialização sobre valores e crenças (mudanças climáticas, sustentabilidade, etc.), ou c) em questionar restrições da produção de massa e do consumismo na vida quotidiana da sociedade” (p. 1).



1 Dunne, A., & Raby, F. (2007). Critical Design FAQ. Obtido em 10 de dezembro de 2015, de Dunne & Raby: http://www.dunneandraby.co.uk/content/bydandr/13/0

2 Fuad-Luke, A. (2009). Design Activism: Beautiful Strangeness for a Sustainable World. London: Earthscan.

3 Markussen, T. (2011). The Disruptive Aesthetics of Design Activism: Enacting Design Between Art and Politics. Nordic Design Research Conference, 4. Helsinki, Filand. Obtido em 11 de novembro de 2016, de http://www.nordes.org/opj/index.php/n13/article/view/102

4 Thorpe, A. (2008). Design as Activism: A conceptual tool. Em C. Cipolla, & P. P. Peruccio (Ed.), Changing the change proceedings. Turin, Itália: Allemandi.

5 DiSalvo, C. (2010). Design, Democracy and Agonistic Pluralism. Proceedings of the Design Research Society Conference (pp. 366-371). Georgia Institute of Technology. Obtido em 06 de janeiro de 2017, de http://blog.ub.ac.id/irfan11/files/2013/02/Design-Democracy-and-Agonistic-Pluralism-oleh-Carl-Disalvo.pdf

6 Hirsch, T. (2008). Contestational Design: Innovation for Political Activism. (Thesis, Massachusetts Institute of Technology, Dept. of Architecture. Program in Media Arts and Sciences, Cambridge, Massachusetts, EUA). Obtido em 27 de novembro de 2016, de http://hdl.handle.net/1721.1/46594