Perante a necessidade e as várias tentativas de rotular e redefinir as fronteiras duma prática que se começa a constituir para além da dimensão estritamente comercial, ao longo do tempo e entre discursos, foram surgindo novos termos associados à disciplina. A criação de novos termos parece ser um esforço para “tornar a atividade mais visível e sujeita a discussão e debate” (Dunne & Raby, 2007)1.
Ler maisOs diferentes termos ou práticas vão se cruzando ao longo do discurso do design sendo, por vezes, difusas e complexas as suas definições, como, também, vagas as fronteiras de cada um deles. Esta pluralidade leva a diferentes abordagens e possibilidades dentro da relação do design com a política. Contudo, ao se canalizarem em torno da definição de conceitos, também desvalorizam as obrigações e qualidades inequívocas do design, abrindo lugar a uma maior aceitação e normalização do design que não opera com essas características.
Para abordar esta questão, selecionámos três termos que se consideraram de maior importância, tendo em conta a sua recorrente utilização: Critical Design, Social Design e Design Activism.
CONCEITO
É difícil encontrar uma única definição de social design, já que muitos profissionais adotaram as suas próprias variações (Scott, 2012)2. Perante a dificuldade em encontrar uma definição precisa do termo, este ganhou inúmeras aceções, sendo, também, a sua utilização e os seus contextos diversos. Como a palavra “social” o indica, o termo parece apontar para o design que é realizado principalmente com ou para a sociedade (Zwaag, 2014)3 mas, o seu significado vai além das palavras que o compõem (Bértholo, 2013)4. Social design tem uma abordagem humanitária como propósito e, dessa forma, pressupõe uma intervenção positiva na sociedade através do design, i.e., emprega as capacidades do design para ajudar na satisfação das necessidades humanas e, dessa forma, no melhoramento das múltiplas dimensões do quotidiano (Shea, 20125; Bértholo, 20134; Bértholo, 20096). Segundo Satu Miettinen (2009)7, “social design é uma abordagem de design participativo para integrar comunidades marginalizadas”.
Segundo Joana Bértholo (2013)4, “algumas definições referem-se ao design no seu sentido mais convencional, isto é, a elaboração de bens de consumo e de produtos materiais. Entre designers, social design refere-se a projetos e produtos que visam aumentar a qualidade de vida e o bem-estar humano”, enquanto que, outras abordagens “referem-se justamente à criação de uma realidade social diferente, o design do próprio mundo social, e das formas que temos vindo a escolher para construir as sociedades em que vivemos. Isto significa que o social design, enquanto método, abre portas à valiosa oportunidade de análise dos problemas e desafios sociais vigentes, para que melhor e mais criativamente os possamos enfrentar”.
1 Dunne, A., & Raby, F. (2007). Critical Design FAQ. Obtido em 10 de dezembro de 2015, de Dunne & Raby: http://www.dunneandraby.co.uk/content/bydandr/13/0
2 Scott, D. (2012). Designing for Social Change - Social responsibility and the graphic designer. (Bachelor thesis, Malmö högskola/Kultur och samhälle, Malmo, Suécia). Obtido em 22 de abril de 2017, de https://muep.mau.se/handle/2043/14412
3 Zwaag, A. v. (2014). Social Design: Looks Good, Feels Good, is Good. Obtido em 09 de outubro de 2017, de Understanding Territoriality: https://understandingterritoriality.files.wordpress.com/2015/05/social-design-anne-van-der-zwaag.pdf
4 Bértholo, J. (2013). O design de um mundo melhor. Obtido em 31 de outubro de 2017, de IM Magazine: https://www.magazineim.com/home/index.php/design-for-a-better-world/?lang=pt#2
5 Shea, A. (2012). Designing for Social Change: Strategies for community-based graphic design. New York: Princeton Architectural Press.
6 Bértholo, J. (2009). Social Design Overview. Obtido em 03 de outubro de 2017, de Academia: www.academia.edu/1770947/Social_Design_Overview
7 Miettinen, S. (2009). Social Designers. Obtido em 11 de outubro de 2017, de WENOVSKI Design Thinkers Network: http://www.designthinkingnetwork.com/group/socialdesigners/
8 Bonsiepe, G. (2006). Design and Democracy. Design Issues, 22(2), pp. 27-34. Obtido em 18 de maio de 2016, de http://www.mitpressjournals.org/doi/abs/10.1162/desi.2006.22.2.27
9 McDonald, A. (2016). "Developing Citizen Designers" Review of Developing Citizen Designers. Dialetic, 1, pp. 179–184. Obtido em 04 de outubro de 2017, de https://quod.lib.umich.edu/cgi/p/pod/dod-idx/book-review-developing-citizen-designers.pdf?c=dialectic;idno=14932326.0001.111;format=pdf